Queijo de Coalho e Mel do Araripe podem ser contemplados com projeto de Identificação Geográfica da Adepe e do Sebrae
Iniciativa busca fortalecer 13 produtos tradicionais em todo Estado. No Araripe, o foco é o queijo de coalho e o mel.
O queijo de coalho e o mel do Araripe, assim como o bolo de rolo, a renda renascença de Poção e o artesanato de barro de Caruaru são mais do que produtos: fazem parte da identidade dos pernambucanos.
Agora, uma parceria entre o Governo de Pernambuco, através da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Pernambuco (Sebrae/PE) buscará trazer ainda mais notoriedade para esses e outros ícones da cultura pernambucana. Juntas, as instituições irão desenvolver um projeto para propor o reconhecimento de 13 Indicações Geográficas (IGs) para o estado com aporte de R$ 2,9 milhões que será rateado pelas duas instituições.
De acordo com dados da Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE, em 2022, Pernambuco registrou uma produção de 1.658.340 kg de mel de abelha, ocupando a 5ª posição em termos de produção no Nordeste, com um valor total de mais de R$ 25 milhões. A produção no estado está concentrada na Região de Desenvolvimento do Sertão do Araripe, com Araripina em destaque com 19,3% da produção estadual.
Situado em um planalto semiárido, o Araripe é marcado por uma vegetação de caatinga com espécies específicas que produzem uma variedade de flores usadas pelas abelhas. As principais plantas que influenciam as características do Mel do Araripe incluem o cipó-uva, giquiri, vassourinha de botão e visgueira, além de outras plantas típicas como murta e copaíba. Esse ecossistema particular gera um mel com sabor e características únicas que não são encontradas em outros tipos de mel, o que reforça seu potencial para obter a Indicação Geográfica (IG).
O projeto Adepe/Sebrae tem o objetivo de identificar, estruturar e solicitar o registro das novas IGs junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Atualmente, Pernambuco conta com três IGs registradas: Vinhos do Vale do São Francisco, Uvas e Mangas de Petrolina e o Porto Digital no Recife. Em todo o país, são 130 Indicações Geográficas, a maior parte delas presentes em estados com fortes tradições agrícolas e artesanais, como Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
Além do mel e queijo coalho do Araripe, também foram selecionados os seguintes produtos para estudo: barro de Caruaru, abacaxi de Pombos, café de Triunfo, manta caprina da região de Dormentes, artesanato de Tracunhaém, artesanato de madeira de Sertânia e a renda renascença de Poção, além de produtos gastronômicos como bolos de noiva, de rolo e Souza Leão.
O projeto de ampliação das IGs será desenvolvido em quatro etapas: diagnóstico, estruturação, submissão dos pedidos e acompanhamento dos processos. A expectativa é de que o projeto esteja finalizado até 2026.
Para a Adepe, essa iniciativa representa um grande avanço na valorização dos arranjos produtivos locais, além de dar visibilidade a produtos tradicionais e inovadores de Pernambuco. "É missão da Adepe fomentar o desenvolvimento dos arranjos produtivos de todo o Estado, em seus 184 municípios. O Projeto de Identificação Geográfica vem para dar destaque àqueles mais relevantes e torná-los exemplo da valorização do que é produzido em Pernambuco. O crescimento do nosso PIB dá sinais claros da importância da nossa agricultura e dos nossos arranjos produtivos e estamos muito felizes em sairmos na frente com este projeto ao lado de um parceiro tão importante como é o Sebrae Pernambuco", detalhou o presidente da Adepe, André Teixeira Filho.
Superintendente do Sebrae/PE, Murilo Guerra destaca que a iniciativa ajuda a valorizar a riqueza dos territórios pernambucanos e a promover o desenvolvimento dos pequenos negócios. “A valorização do regionalismo tem se consolidado como uma estratégia importante para estimular o desenvolvimento econômico e social e ampliar a competitividade nos mercados nacional e internacional. O reconhecimento das Indicações Geográficas protege o conhecimento tradicional ao mesmo tempo em que agrega valor aos produtos e serviços locais”, enfatiza.
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As Indicações Geográficas são certificações concedidas a regiões que se tornaram conhecidas ou apresentam características distintivas ligadas a um produto ou serviço. Elas podem ser classificadas como Indicação de Procedência (IP), quando a região já é reconhecida pela produção, fabricação ou extração de determinado produto ou prestação de determinado serviço, ou Denominação de Origem (DO), quando há uma ligação entre as características do produto e seu meio geográfico e dos fatores naturais e humanos ali presentes.